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Comunicação e Tecnologia
04/02/2022 por Diogo Duarte Rodrigues
Tempo de Leitura: 3 minutos
A Alfabetização Midiática e Informacional ou, simplesmente, AMI é um conceito diretamente ligado à Educação, à Comunicação Social e as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) de modo geral. Em linhas gerais, estamos falando de um conjunto de competências, habilidades e atitudes necessárias para entender e participar ativamente dos contextos e fenômenos informacionais e midiáticos. Talvez, nem seja preciso dizer que em uma Sociedade de acelerado desenvolvimento tecnológico e fluxo informacional, desenvolver esse tipo de letramento é imprescindível.
Apesar de sua importância inegável, a AMI ainda é assunto pouco explorado e conhecido. Precisamos falar mais e mais sobre o tema e fomentar os debates em torno de suas aplicações, especialmente em um país tão desigual como o nosso. Pensando nisso, separei 5 razões pra você pesquisar e se aprofundar um pouco mais sobre o assunto. Vamos a eles:
Quanto antes entendermos a abrangência desse campo em uma sociedade cada vez mais interconectada mais poderemos contribuir não só para uma internet melhor, mas para uma sociedade melhor. Um UX Designer precisa entender um pouco sobre AMI, um engenheiro de software também, bem como um publicitário, um bibliotecário ou qualquer gestor no campo da Educação. Os exemplos são muitos e extrapolam as ocupações profissionais. Como pai, por exemplo, eu reflito todo dia sobre meu papel na educação midiática e informacional de minha filha no contexto digital. Cyberbullying, Hates, Deep Web e Challenges perigosos farão parte de nossas preocupações cotidianas, especialmente com jovens.
AMI também é sobre saber pesquisar na internet, encontrar fontes confiáveis e ser capaz de diferenciar fatos de boatos, identificar links maliciosos e contribuir para uma menor propagação de Fake News. Na era da pós-verdade, o apelo às emoções e crenças pessoais acabam moldando a forma como a sociedade enxerga a realidade que a cerca. Esse tipo de fenômeno, reforçado pelo que passamos a conhecer como viés de confirmação faz com que cidadãos enxerguem diversas realidades diferentes, quando só há uma.
No curso de Jornalismo da UNISUAM, há um módulo inteiro dedicado a questões como as expostas nesse tópico. É papel do jornalista compreender essas questões contextuais e atuar na redução dessas dissonâncias cognitivas.
Com mais pessoas dominando as ferramentas digitais e compreendendo os fenômenos que as cercam, teremos cidadãos mais empoderados e ativos. Verdadeiros atores sociais. Um indivíduo digitalmente letrado é um indivíduo mais capaz de compreender e alterar a realidade que o cerca. Tanto o consumo, como a produção de informação são partes que auxiliam na construção de uma identidade e de evolução técnica e crítica. Contudo, o simples acesso à informação não garante esse empoderamento. Falaremos disso no item a seguir.
Longe de querer menosprezar qualquer das iniciativas e leis de acesso à informação em nosso país, há uma grande confusão e um distância considerável entre o acesso à informação e a capacidade de um indivíduo de extrair informação de qualquer conteúdo; entendendo informação, aqui, a partir da noção de Gragory Bateson, como “uma diferença que faz diferença”. O processo de informação pode partir de um reconhecimento da necessidade de se informar (a que Nicholas Belkin chamou de “Estado Anômalo do Conhecimento”) e passar por uma série de eventos. O acesso à informação é apenas uma condição para que esse processo informacional ocorra, mas não é a certeza dele. Desenvolver as competências ligadas a pesquisa, avaliação de fontes, utilização de recursos e ferramentas distintas apoiam e aumentam a eficácia no processo de recuperar alguma informação.
A pandemia pode ter desempenhado um papel de escancarar certas feridas que já eram latentes em nossa sociedade. O acesso a conteúdos e ferramentas de comunicação digitais se tornaram cruciais para se manter estudando, trabalhando e até mesmo socializando. As desigualdades ficaram mais expostas do que antes. Como professores, presenciamos arrecadações de turmas para comprar computador para alunos; sistema de rodízio em casa para poder assistir às aulas; e muitos outros eventos que nos mostraram que o acesso às TICs é essencial para educação. Se pensarmos nos negócios e nos trabalhadores que foram prejudicados pela exclusão digital e também pelas lacunas técnicas ligadas à AMI, podemos ter ideia do quanto precisamos avançar nesse aspecto.
REFERÊNCIAS:
BATESON, Gregory. Steps to an ecology of mind. Chicago: University of Chicago Press, 2000.
BELKIN, N. J. Anomalous State of Knowledge as basis for information retrieval. The Canadian Journal of Information Science, Toronto, v. 5, p. 133-143, 1980.
GRIZZLE, Alton Alfabetização midiática e informacional: diretrizes para a formulação de políticas e estratégias / Alton Grizzle, Penny Moore, Michael Dezuanni e outros. – Brasília : UNESCO, Cetic.br, 2016. Disponível em: https://nic.br/media/docs/publicacoes/8/246421POR.pdf
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Diogo Duarte Rodrigues é Comunicólogo, com habilitação em Publicidade e Propaganda, é especialista em Design Digital com ênfase em Mídias Interativas (INFNET), mestre em Ciência da Informação (UFRJ/IBICT) e doutorando em Comunicação e Cultura (UFRJ). Atua como pesquisador, professor, palestrante e consultor nas áreas de Comunicação, Marketing, Design e Educação digitais. É coordenador da Escola de Comunicação e Marketing da UNISUAM.
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