Diversidade para Todos
24/04/2023 por Carolina Grimiao
Tempo de Leitura: 5 minutos
Intérpretes de LIBRAS da UNISUAM. Fotos por: Fernando Salles
Certamente você já viu uma conversa entre surdos e reparou como ela é gestual, cheia de movimentos de dedos, mãos e braços, além de expressões faciais. Essa língua de sinais é chamada de LIBRAS, uma importante ferramenta de inclusão social, sendo a língua oficial das comunidades surdas no Brasil.
Reconhecida como meio de comunicação pela Lei nº 10.436 desde abril de 2002, a Língua Brasileira de Sinais possui seu próprio conjunto de palavras e a sua própria gramática. Ou seja, assim como existem várias línguas faladas no mundo, também existem várias línguas de sinais pelo mundo, e a nossa, claro, é a brasileira. E dependendo de cada região do país onde é falada, leva também os sotaques locais, representados nos gestos.
Mas, como ela surgiu?
A primeira escola para surdos no Brasil surgiu em 1857 fundada por Dom Pedro II. Inicialmente chamada de Collégio Nacional para Surdos, existe ainda hoje como Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) e se tornou referência na educação inclusiva e profissionalização por ser a única instituição para surdos no país e em toda a América durante muitos anos. Foi lá, com base na antiga língua de sinais francesa, que nasceu a Língua Brasileira de Sinais. Ainda assim, a regularização da língua levou mais de um século e somente em 2002 ela foi reconhecida finalmente, entrando na grade curricular das escolas como disciplina em 2005.
Uma pessoa não-surda pode aprender LIBRAS?
Qualquer pessoa pode se tornar bilíngue em Português/LIBRAS desde que se dedique aos estudos como se faz com qualquer outro idioma. Existem diversos cursos espalhados pelo país nas modalidades presencial e EAD. No INES, por exemplo, o curso é gratuito e oferecido a cada semestre, principalmente para famílias de crianças surdas e professores. Como a procura é grande, é necessário se cadastrar no site e acompanhar os sorteios das vagas.
Como trabalhar com LIBRAS?
Em 2010 foi regulamentada a profissão de tradutor e intérprete de LIBRAS, que tem como função ajudar na comunicação entre as pessoas ouvintes e com deficiência auditiva. Como é reconhecida por Lei, o poder público deve garantir que a língua seja difundida nos meios de comunicação, nas redes de ensino, nos cursos de formação de Educação Especial, Fonoaudiologia e Magistério, por isso a atividade costuma ter muita busca no mercado.
Para trabalhar com essa atividade, é exigida, no mínimo, a formação em Nível Médio e a fluência em LIBRAS adquirida em cursos profissionalizantes devidamente reconhecidos, de formação continuada por meio das Secretarias de Educação ou instituições de nível superior que também oferecem cursos de extensão universitária. A proficiência na língua é certificada pelo Prolibras – Programa Nacional para a Certificação de Proficiência no Uso e Ensino da Língua Brasileira de Sinais.
Intérprete e tradutor de LIBRAS na UNISUAM, Lenildo Souza começou em 2009 como profissional autônomo nas escolas estaduais do Rio e tinha um objetivo mais religioso. Hoje, vê o mercado buscando profissionais antes mesmo de concluir a formação: “Em virtude da lei da inclusão, cada vez mais os espaços estão se ajustando para cumprir a acessibilidade em diversas áreas. Isso tem gerado o efeito de muitas demandas e poucas pessoas habilitadas para atendê-las, ocasionando a atuação dos que ainda estão em processo de aprendizado da profissão de acordo com a Lei, ou mesmo dos que apenas sabem LIBRAS”.
Contato na infância desperta a curiosidade
Outro ponto bem comum são pessoas que tiveram contato com parentes e amigos surdos na infância e buscaram um caminho para se comunicar. É o caso da intérprete e tradutora Ana Beatriz Tavares. Ela conta que o seu primeiro contato com uma pessoa surda foi com a sua tia: “Ela sempre se fez presente em nosso cotidiano familiar e entre os amigos”.
Há dez anos na profissão, Ana Beatriz lida diariamente com os desafios daqueles que desejam se comunicar sem conseguir ouvir em um mundo cheio de estímulos sonoros: “Trabalhar com inclusão e acessibilidade é aprender diariamente a lidar com o outro e suas diferenças, além de enxergá-lo como sujeito em sua totalidade e potencial para superar barreiras impostas dia após dia. Exige esforço e estudo contínuo entre todos os envolvidos a fim de minimizar as dificuldades e promover relações de igualdade e equidade em todos os ambientes sociais”.
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Dedicação que a também intérprete e tradutora de LIBRAS da UNISUAM Raquel Vaccariello conhece bem, pois seus pais são surdos e ela cresceu em contato com as duas línguas. Com 12 anos atuando profissionalmente na área, ela toma esse exemplo para a sua prática diária: “Como filha de pais surdos percebi desde cedo as dificuldades de acesso deles em espaços como bancos, hospitais, escolas, espaços culturais e repartições públicas. Me percebi desafiada a encarar essa profissão, estudei, me formei e venho me capacitando cada vez mais para prestar o melhor serviço possível para a comunidade surda”, ressalta.
Por uma UNISUAM mais inclusiva
Pensar em inclusão e acessibilidade vai muito além de facilitar o acesso de pessoas com deficiência aos espaços. É pensar em caminhos para acolher e incluir de todas as formas com um olhar humano e empático às causas que cada um traz. A pessoa com deficiência pode – e deve – ter uma vida como qualquer outra pessoa, com direito de se desenvolver em todos os aspectos, inclusive nos estudos e na profissão.
Na UNISUAM, o Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NAPp) existe desde 2006 e é composto atualmente de três psicopedagogas, três intérpretes, duas assistentes e dois professores de Língua Portuguesa para atender os alunos que precisam de algum tipo de auxílio na aprendizagem. Também realiza grupos de estudos e está em constantes reuniões com a coordenação dos cursos para casos que precisam de adequações. Bem como atendimentos individualizados, projetos, campanhas, treinamentos e oficinas.
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Para o trabalho dos intérpretes e tradutores de LIBRAS na UNISUAM, a Professora Waldirene Araújo, Coordenadora do NAPp destaca: “Esse trabalho garante aos nossos alunos e aos nossos colaboradores surdos acessibilidade comunicacional. A equipe participa de todas as atividades, encontros de aprendizagem, palestras, eventos oferecidos pelos cursos, traduz os materiais disponibilizados pelas plataformas digitais, grava materiais instrucionais. Ou seja, como diz na Lei nº 13.146/2015, ‘a assegura e promove, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania’”. No próximo dia 15/05 será iniciada a primeira turma do curso de LIBRAS gratuito para os professores da UNISUAM.
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Venha para a UNISUAM e seja um profissional completo!
Analista de Comunicação do Blog UNISUAM. Jornalista, Historiadora e Psicopedagoga. Mestranda em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano da UFF. Apaixonada por Educação e Cultura Popular.
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